TÃO SUAVE

Não sei se quero deixar a história de lado. Mas é que só tenho o começo (?). Os pontos finais vários são pra perceber que minha respiração virou suspiração. Tão suave. Ela em mim todo, subindo, subindo. Um poema? Seria. Mas eu quero contar uma história. Eu contava histórias antes e elas acabavam no fim. Não tinha pra sempre. Mas o pra sempre é exatamente agora. Eu quero agora. Ainda sobre antes, os poemas eram isso aqui, mas isso aqui agora é tudo. Todo eu não me cabe e não cabe num poema. Preciso de linhas inteiras. Sequer esta página é suficiente. Não quero margens pra minha alegria. Não posso me dar margens. Porque eu amo como uma criança. Ela me diz você em mim também. Não há limites para isso. Eu prometi. Eu queria prometer. Amanhã? Eu cumpro. Eu esqueço minhas convicções de dois meses atrás porque ela está em mim todo. Mas a história: ?. Não sei se é um começo, não sei, não sei, porque saber é limitar, é marginalizar todo o caos que está acontecendo com meus órgãos. Eles se manifestam silenciosamente, mas eu sinto todos aqui, revirando-se e se alimentando de algo a conta-gotas. Furiosos. (Suspiração). Meu sonho é dormir nunca mais. Porque nenhum sonho pode ser melhor que essa imperfeição toda. De sonho se acorda. Não quero. Fico aqui na nuvem. Não desço. Não desço. Não desça. Não desça. Fique aqui comigo. Aqui está tudo tão tão muito. Fecho os olhos: ela em mim. O tempo decidiu agora. O tempo adverbial. Quando? Depois. E essas palavras? Quando? Agora? Depois. Depois porque agora é muito cedo. Porque o melhor da vontade é o encontro. Do encontro, a lembrança. Da lembrança o depois. O recomeço. Enquanto isso saudade. Eu tenho. Eu sinto. Saiba. Excesso, o meu cabe em você. E você em mim todo. Tão suave. Essa voz de querendo. Querendo. Diga: meu. Eu me dou. Eu esqueço o que eu pensava. Eu me deito. Eu digo: minha. Toda em mim. Suave. Indo, indo, indo. As tardes vão acabar. Todo dia. E então existiremos. Cabendo. (Suspiração). Dias cheios. Em qualquer, a hora que for. Não penso. Não meço. Não considero. Criança. Quero. Pontos finais. Muitos. Não há história enfim. Só sensações. Agora. E como se diz? “Sou tão assim quanto”. Eu sou.