Voz do tempo

Sentada de frente à rua a mente busca um tempo

Um tempo que só volta nas lembranças parcas de um outrora

Que se faz presente apenas na vontade de lembrar

Já se apagou por entre as poeiras da vida que passa veloz

Um tempo cinza-claro de luas cheias... De noites frescas

Sentada ali, por mim vai passando o mesmo tempo veloz

Que trará lembranças futuras que serão passado.

Quanto disso lembrarei em tardes de cochilos

Em minha varanda entre a realidade e o sonho

Quando o tempo terá embranquecido de vez meus cabelos negros?

Quanto de mim ficará na poeira desse tempo

Que vejo sair por entre os dedos... Passar por sobre os olhos...

Que voz terei, senão essa que rabisco no cúmplice papel...?