Histórias de vida que o biógrafo nunca escreveu - Parte 1

Eu não acreditava em Deus.

Nascido numa família judaica não tradicional, recebi todos os ensinamentos de praxe, estudei inclusive numa escola judaica não religiosa em São Paulo.

Apesar de "rezar", inclusive algumas vezes com os olhos fechados como no caso do "Shemá", conforme havia sido ensinado e condicionado, bem lá no fundo do meu ser algo dizia que tudo era uma grande farsa. Ou uma tremenda bobagem.

Coisa difícil de admitir, mas achava de verdade que as pessoas faziam rituais, seguiam normas religiosas e frequentavam sinagogas, igrejas, templos, terreiros, etc. por hábito instituído, não que houvesse algo maior na retaguarda de tudo, como muitos teimavam em afirmar.

Entendia que todo aquele cenário, supostamente reflexo dos confins divinos, representava uma grotesca manipulação de gente que se apropriava dos conceitos, outrora emitidos por verdadeiros profetas, para arrebatar incautos, ganhar dinheiro e, sobretudo, se impor diante da massa de fiéis ávidos por algo para ficar dependente nas suas vidas.

Nessa busca pela fé na sua essência maior, vasculhei até terreiros de umbanda, centros espíritas, comunidades Hare Krishna, uma enormidade de igrejas evangélicas, enfim, era um judeu errante querendo encontrar o fio da meada da sua fé. Exatamente como tantos outros.

Atitude totalmente coerente, haja vista que os judeus, desde o seu apogeu bíblico, sempre foram questionadores na essência desta palavra, não se contentando com aquilo que era formalmente transmitido. E certamente pagaram um preço alto por esta atitude nada cômoda.

Tudo transcorria desta forma até que passei por uma experiência que mudou diametralmente o curso da sua vida. Aos 53 anos, sofri um acidente de carro grave.

Então ficou claro que Deus foi cúmplice em tudo o que aconteceu comigo, evitando que tivesse consequências mais graves além de um arranhão no braço esquerdo. Podia ter matado a minha filha, se o acidente ocorrido apenas 10 minutos antes!

Como bom judeu questionador, pedi mais provas. E Deus não se fartou de oferecê-las, uma atrás de outra.

Os sinais que comprovam que o Criador está presente não são lógicos simplesmente. A gente precisa sentir pra entender de fato.

Passei a perceber literalmente quando Deus se manifesta. Ao longo da vida já tinha ouvido milhares de vezes que isso acontecia e achava que era sempre pura bobagem. Ou estratégia de um marketeiro oportunista qualquer. Deduções totalmente plausíveis se vindas de um publicitário.

Uma das provas mais viscerais desta manifestação divina ocorreu quando fui estimulado a ajudar alguém. Isso pode significar, por exemplo, compartilhar uma mala pesada que um desconhecido esteja tentando carregar ou dar um dinheiro que permitirá a "volta à vida" de morador de rua que precisava comprar uma passagem de ônibus para viajar à outra cidade para arranjar trabalho.

Quando isto acontece, senti o que suponho que seja aquilo que os cristãos referem-se como manifestação do Espírito Santo.

A sensação é próxima daquela que antecede o momento de um choro. Ou quando se prepara para ocorrer uma queda de pressão. Algo neste sentido.

Ocorre uma espécie de formigamento em todo o corpo por segundos.

Mas é algo extremamente intenso e que deixa claro o que significa.

Descobri que posso fazer um "link" com Deus a partir desta maravilhosa sensação, o que certamente estimulará que passe a buscar novos meios e ideias para obter esta resposta do "dono do show".

Ou seja, tudo aquilo que ouvia a respeito de manifestação divina e achava que era pura bobagem, passou a ser real na minha vida.

Mais do que simplesmente acreditar em Deus, passei a ser abençoado por Deus.

(continua)

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 03/04/2011
Reeditado em 04/04/2011
Código do texto: T2886501
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