Acerca da Razão

Minha razão passeia completamente infiltrada em alquimias

Estranha não poder dar à escolha o destino ou data certa...

De hora pra outra essa energia se concentra em conjunção

Não insisto em mais nada que me faça estar tão sozinho

Vivo eternamente aquele rosto que vem e não preciso olhar

Há uma entrega que de tão intensa emerge inconsequente

de modo que nada dilacera a força leve que se impõe!

Visão cai inocente, de olhos cerrados caminha em tal imagem

O semblante bonito de novo, da embriagada juventude de novo

Quer apagar as luzes, aproximar-se, dar de ombros ao tempo...

Sobrevém sorrir mais que de costume e flutuar noutra criação

Ato estranho perceber tal elemento fluir do ser não escolhido

Seres desiguais se enlaçam nessa dor deliciosa da razão de amar

Que subtrai medos e pudores antes de náufraga lágrima que vem...

Muito ouvi dizer que é a dor que alimenta a inspiração de poeta

Peço vênia para descrer dessa mísera máxima sabiamente vil...

Prefiro acreditar na razão sem razões que a poesia me depõe

de que o amor, ainda que muito sozinho, já seja forte estribilho

disponível para reconstruir versos esquecidos nesta escrivaninha...

Prefiro sonhar de coração férvido, louco, perdido e enternecido

e desse sonho encontrar a razão de viver, de sonhar e de sorrir...

Minha razão infiltrada em sentimentos totalmente inexplicáveis

Entende sua pequenez ante amor, poema, loucura, até a ternura...

E se reencontra com versos melosos que tanto em mim guardei

Ela sucumbe silenciosa ante tantas etéreas e suculentas energias

Já não sei se preciso pensar sobre todas e tantas assertividades

se possuo um coração arrebatado, despreocupado e inspirado

Que de tanta dor, amor e poesia me propõe suas próprias razões!

Nalva
Enviado por Nalva em 19/04/2011
Código do texto: T2919059
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