“ÁS DUAS DA MANHÔ.
          (Prosa-Poética).
 
 
Hoje acordei ás duas horas da manhã, olhei para o céu, e a lua lá estava; tão sozinha igual a mim... Sem a companhia das estrelas ou das nuvens, pois o céu estava limpo, eu por minha vez também sozinho estava, não tinha a costumeira companhia dos pássaros, que dormiam, pois era alta madrugada; não tinha sequer a companhia da brisa, então me pus a falar com a lua, que por ventura era a única que restava.
Ela não me respondia, mas quem sabe me ouvia... Ou quem sabe até me entendia. Dizia eu então para ela.
- Lua... Tu sim és feliz, não tens ninguém, não tens, porém, melhor que isso... Não pensa em alguém.
De onde estás pode ver o mundo inteiro, tu não tem companheiro, só ás vezes o sol que te ofusca, mas estás sempre acompanhada de estrelas, só hoje estás sozinha... Sozinha como eu, que não tenho ninguém para conversar.
A minha visibilidade é limitada, a minha voz é embargada, e a insônia me abraçou... Daqui a pouco o dia vai nascer, e eu não verei mais você, que também me deixará sozinho.