MAIS UM QUATRO DE JULHO

E o mar na lona, sob contagem

Tais anseios um tanto depreciados

Meus meios mais lesos averiguam-se

Mais um quatro de julho, e o arroz a tostar

Idéias e lampejos incendeiam toda a floresta

A casa do poeta já não respira as jóias.

Resta-me a alcova, o catre e a escada

- alguns degraus descascados –

Aldravas cegam o solene sino do silêncio.

Há mais lume, eloqüente e mudo

Donde brotaram as primas ojerizas

Sangrias escorrem e a poesia a saltar

Escancarada, breve, tolerante, ingênua.

Neste dia de regozijo interno

- e de inferno imenso –

Só peço para que o verso não me vá

Não reze por mim e não me envergonhe.

Apenas isso e, novamente, o meu quatro de julho será especial!

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 04/07/2011
Código do texto: T3074759
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