Que amor é esse? (EC)
Ela sempre fazia essa pergunta, fazia a si mesma, não tinha respostas. Na verdade a pergunta sempre suscitava outras para as quais também não tinha respostas claras e essa falta de respostas enchia seu coração de amargura. Não era um sentimento bom, aprendera isso nem sabe onde, mas aprendera: sentimentos são mais importantes do que pensamentos racionais e quando se refere a amor isso é mais verdade ainda. Daí que o desconforto que sentia já lhe dizia a verdade sem precisar de respostas formatadas. No fundo do coração ela sabia que não podia durar a eternidade que lhe fora prometida, a eternidade que sonhara viver com alguém, aquele amor que transpõe as barreiras do tempo e do espaço. Aquele amor era muito pequeno para isso, durou o tempo que deveria durar e se deixou tantas marcas essas foram deixadas mais pela própria desilusão provocada por seus sonhos do que por qualquer coisa que realmente tenha sido feito.
Que amor é esse ela continuou a perguntar por muitos anos, apenas trocando o tempo do verbo, passando do presente para o passado: que amor era esse que não resistiu à brisa tão leve se desfolhando todo a passagem da primeira aragem embora teimosa ela insistisse em refazer.
Mas que amor é esse que teima em não se desfazer embora tudo conspire para que isso aconteça. Que amor é esse que a mais leve brisa, o perfume de uma flor, a visão de uma cor, o som de uma música traz tudo de volta, lembranças e sonhos?