Tempo

Então me observo.

Com calma e paciência comigo mesma, observo-me.

Minha aparência mudou.

Sou responsável pelo meu rosto, meu corpo.

Cinquentona...

Parece-me que ontem tinha 30 anos.

Meu melhor tempo: reconheço.

Tornei-me mulher livre nesse momento da vida.

Na juventude fui atrapalhada, inconsequente.

Na idade adulta trabalhei demais.

Agora, na meia idade(prefiro não usar o termo velhice) sou saudosa.

Hoje compreendo mais que aprendo, os dias são longos.

Não critico os mais velhos, sou mais tolerante com os jovens.

Ainda consigo aprender com eles.

Sempre fui uma apaixonada por jovens.

Com eles passei a maior parte da minha vida.

Cubro meu fogo com cinzas quando necessário.

Tenho vida.

Se eu pudesse voltar à juventude cometeria os mesmos erros de novo.

Talvez um pouco mais cedo.

Correria mais riscos.

Observo-me...

Já não tenho mais a vitalidade de antes.

Mas sou ousada, atrevida.

Importa-me apenas o amor.

É o que vale a pena.

E o que restou de mim.