Laços

Os laços nos sapatos de verniz me fizeram rosa e de cetim. Aqueles que calcei aos sete ou oito anos vezes e me apertavam os dedos

Aqueles nos cabelos, que o vento cuidava em fazê-los voar ao correr nas ladeiras e que os galhos os roubavam para ornar as mangas...

Eu sorria com os cabelos soltos e com minhas sandálias de couro cru grosseiras e simples, desprovidas de laços, que conversavam com as pedras do calçamento; sola escorregadia que me fazia patinar nos paralelepípedos enquanto não estivessem gastas.

Hoje são rasas as vagas, diminutos os refluxos, mas ainda são soltas, às lembranças. Nunca soube dar laço em fitas.

Ando no rastro de um silêncio de falas.

Um silêncio vivo!

Hoje confesso que algum laço me faz falta.

Gladys
Enviado por Gladys em 04/12/2011
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