Há Muito Tempo!...

Há muito tempo que o sol orquestra a sinfonia das cores desmaiadas. Há muito tempo que os algodões embebem as lágrimas cerúleas dos mares encalhados. Há muito tempo que o soão blasfema a ouvidos moucos, mortais. Há muito tempo que despintam das paisagens metafísicas, os verdejantes pastores de gazelas. Há muito tempo, que o nosso tempo é recto!...

E eu nem sei por que solto o canto, se tudo continuará como Dantes: na Terra, o Inferno e o Purgatório. O Paraíso?... O Paraíso, terra baldia e despovoada desde os tempos das Civilizações, encafuaram-no em empoeiradas prateleiras, no ébano Céu dos Penhores... há muito, muito tempo!

Mudam-se os cômputos, mudam-se as Eras! Pois... se ao menos mudassem os aros!...

Cristina Pires (julho 2004)