Rio Passageiro

Depois de procurar por muito tempo, cansado, resolvi esquecer-me de tudo relacionado a sentimento. Para o amor estava num inverno, frio e seco. Foi então que, como um sopro, veio em minha direção algo inesperado. Entretanto, por ser desconfiado, fingi não dar muita importância. Mas continuei sentindo como se apresentava. Um tanto intrigado, por ser essa brisa tão leve e ao mesmo tempo insistente; Quis ver de onde viera e qual era sua fonte. Vi, então, no alto de um belo monte a mais linda flor que já se viu. E tão cheia de graça, docemente, me sorriu...

Foi, assim, em questão de segundos que a brisa tornou-se ventania e percorreu os caminhos mais profundos até fazer morada em meu coração. Arrumei minhas malas e decidi seguir viagem ao encontro dessa flor. Ah! Quisera eu, verdadeiramente, cuidá-la e tê-la sempre comigo. Ao chegar mais perto, porém, vi que havia alguns espinhos. Mas, o que são espinhos se não apenas mecanismos de defesa?! Teria eu de encará-los se quisesse ver verdadeiramente sua grande beleza. Nesse desafio, machuquei um pouco a nós dois. Mas venci todos, um a um, com diplomacia, sensibilidade e compreensão. Incrível como não há nada que com paciência não se resolva. Grande aprendizado, um dos tantos que me foi proporcionado.

Contudo, alguns dos ferimentos foram mais fundos e não cicatrizaram como deveriam o que fez mudar, de alguma forma, a direção, indo do sentimento para a razão. Pesamos tudo na balança e pesou muito a distância. Logo, o futuro tornou-se ainda mais nebuloso. Chovendo tristezas em meu coração. Fiquei profundamente abatido, pois estava perecendo tudo que havia vivido e sentido. Foi então, que, graças a um momento de meditação, decidi mudar a perspectiva e fazer a minha presença com ela tornar-se ainda mais viva. Tudo ficou mais leve e novo novamente, e ela voltou a me sorrir alegremente. Oh! Linda flor, o perfume dos momentos vividos ainda estão comigo enchendo meu coração de alegria. Ah! Doces lembranças! Que trazem consigo dúvidas e esperanças... Quão incerto é o destino?!

Por estar distraído fui flechado pelo cupido. Ah! Quanta dor! Sei que sou um romântico sonhador, às vezes sinto em meu peito um vazio, um grande espaço, o qual era preenchido com seu carinho e seu abraço, é quando minha alma chora pelo amor que tive outrora. Todavia está plantada a semente e só a Natureza sabe se crescerá a ponto de vivermos isso novamente. Que grande contradição, tristeza e alegria misturadas em meu coração. Contudo, saiba! Que o que mais vive intensamente é a alegria, o carinho e a gratidão. Ah! Menina és como um rio de água doce e cristalina o qual passou em minha vida, trazendo grandes transformações; derrubou preconceitos a muito tempo enraizados, assim, abrindo clareiras nas minhas formas de enxergar e fertilizou meus sentimentos para que neles cresçam a paz e amor sem limites.

29 de Fevereiro - 2012.

Gabriel Oshida
Enviado por Gabriel Oshida em 02/03/2012
Reeditado em 24/03/2012
Código do texto: T3530925