POBRE TENÓRIO!
Ah, pigarro!
Deixe o Tenório tomar seu leite!
Ontem, ele bateu as botas e inda não deitou
Sobra catre dele, miúdo e mesquinho, a procurar consolo.
A mortalha abraça o pretérito e os sonhos... ah, os sonhos!
Carregou a vida como forma de inquietude
Mal chegou a sorrir; não exsudou o mel poético
Não imbricou lençóis de pejo
Não inverteu as bases tórridas do medo.
Pobre, Tenório!
Não sorveu o ácido vurmo dos tonéis de baixo
Não se enlameou nos açudes, não contemplou o mar
Nem um dia, nem por uma vida de íngua.
Agora, Marieta
Acompanhe o Tenório ao fim dos tempos
Nele, encontrará uma salva de morteiros
A amasiar com seu esquipático andar.
Foi-se a carruagem, Tenório
Foram as azinhagas que, obscuras, te incitaram
Mas, não fez por merecê-las
Nem a lua, nem a sua rua, nem os intrépidos
Nem o manto, nem a ojeriza, sem a calma.
Agora, cala-te, Tenório
Ouça o marulhar das velhinhas em colméia eterna
Frua dos choros, lamentos, gritos e esculachos
Rime "au" com "inconstitucional" e se vá!
Ninguém chorará por ti, a não ser a vida.