SONHAR

Jovem á lida com o despetalar

A morrer de envídia em plana fase

Sóbria mácula de sapiência e de pó

A untar bobeiras pueris.

Jovem a amainar as boquinhas famintas

Alimenta-las com gastura

Sopre a leda brisa em seu pascigo

E sedentos vão, às pencas.

Penso no sublime céu

- que o leu ataca por chaga ferina

E encosta sobre cego sepulcro atado

Nem a margem, nem o espelho.

Penso no despencar de uns bons anos

Pardacentos entraves - miudezas

E nas batalhas que se perderam... por nada.

Temo descarregar todo o cansaço em pouco balaio

Sinto a ira viril a me cobrar pela aragem

- não terei coragem.

Sou intrépido à contracapa; às vezes, vampiro.

Esse sereno semblante ingênuo e vivido

Que o ourives ousa esparramar, não cabe mais

A náiade seguiu a pouco o seu penar

Fi-la deitar embirotadas em alma minha.

Mais roto e aturdido

Mais leso e abatido

Mais reto que o infinito

Mais anáguas a bisbilhotar... ?

Quando a aldrava bate à quarentena

É preciso agir... despir-se dos meios

Lamber o tal ranço e sonhar!

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 08/03/2012
Código do texto: T3542860
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