Sinopse.

Desconfiado o primeiro raio entrou tingindo as paredes de meus desejos e minhas mãos deslizaram quase sem tocar as marcas de seus sorrisos pintados na memória.

O corpo reagiu lúcido como água a correr pela terra nos lençóis desalinhados e meus sentidos alcançaram suas falas mudas.

Um arrepio na nuca trouxe a suavidade de sua pele e um gemido rouco principiou a carência proposital de ser linha em seu carretel. Cenário de minhas peças soltas, livres no chão, a transbordar as cores excêntricas dos úmidos sons que imaginei os nossos, a dançar em sua boca.

A alma espreguiçou um suspiro, unhas fincaram êxtase na maciez em que o corpo pendia. Um vulcão passeou minhas entranhas, entornou suas copiosas lavas como para acalmar a temperatura elevada do inverno; vermelho cortinado na ternura desvendada no recheio dos travesseiros a suar o prazer sereno nas taças para seus lábios.

Um querer posicionou a carne aos movimentos delicados e os batimentos acelerados exorcizaram solidão na tarde morta.

Uma canção encontrou recordação no ar e o seu existir fez morada nas seqüências desse balé a nos rodopiar em pensamentos.

Minhas mãos anelaram uma forma distante, ausente, presente no se deixar viver em horas de virtudes completas nas prateleiras do tempo a correr.

A musicalidade dos anseios infatigáveis cobriu o dia com um manto de flores a acordar a primeira palavra que meu corpo sentiu sem ter suas mãos...

Aquele tom (mais) interno foi à permanência de um choro de fundo de olho. Uma viagem ao tornado de emoções precisas. E à noite adentrou sem cerimônia o quarto dos meus sonhos, vontade no baú das verdades despejado nos contornos de meu corpo separado do seu: ponto de partida!

Eliane Alcântara
Enviado por Eliane Alcântara em 21/07/2005
Código do texto: T36510