Três meses de puro amor!

São três meses sem poetar. Diria até, sem amar. Qual o quê! Eu amo o tempo todo! Os pássaros na janela. Até o mau-humor matinal. A vida assim, triste, mais bela. E o tempero que esquenta a comida sem sal. E os pedais da bicicleta, as tintas nos muros mórbidos. Tudo é música que cessa ante aos pensamentos mais sórdidos. E a sordidez está na palavra. No franzir das sobrancelhas. No calar do coração. A pupila se dilata, você toma café demais. E mantém-se acordado por muito tempo. E mantém-se compenetrado diante do vento. E a vida leva suas rosas, seus delírios, sua infância. E você diz que faz tempo que não ama. Bobagem! Existem ainda aqueles que te fazem sorrir. E a poesia volta, sempre, à sua bela morada. E você, agora, não suspira mais pelo pouco amor que recebeu, sim, pelo muito amor que a vida lhe devolveu.

Andrea Sá
Enviado por Andrea Sá em 28/05/2012
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