ARCO-ÍRIS DE AMIGOS



Há muito tempo descobri que não é uma lenda o tesouro no final do arco-íris. A orientação popular sempre foi de segui-lo desde o local que ele surge até o seu final; aí, então, encontraríamos o valioso pote tão desejado.

Encantada com a sua beleza, de tanto admirá-lo nem percebi que comecei a viajar em um, suavemente, flutuando em suas luzes, seu brilho, cortando a imensidão do céu, feliz com a sensação de leveza e orvalhada por seus deliciosos pingos de água.

A sensação de bem-estar era indescritível. Eu era gente e era parte do arco-íris, ao mesmo tempo, e tudo parecia um sonho lindo.
Apesar de inebriada com tamanha experiência e infinita gama de alegria desmedida, percebi que não viajava sozinha no arco-íris.

Mais consciente, olhei ao meu redor e vi milhares de pessoas percorrendo o caminho do arco-íris, como se cada gotícula d'água representasse uma delas. Percebi que podia pausar em vários momentos a minha navegação e interagir com os seres que faziam aquela aventura fantástica comigo, como se estivesse em um mundo bastante real, palpável e firme como na terra.

Entendi o porquê, para minha maior felicidade.
O arco-íris é uma imensa estrada que parte de lugares diferentes em direção a uma chegada que não podemos determinar com precisão se não nos aventurarmos nele. Nessa estrada repleta de sutilezas e de luzes, viajamos durante a nossa vida.

Assim, reconheci em cada trecho do vasto caminho todas as pessoas que já cruzaram a minha existência, até hoje. Relembrei todos os seus gestos carinhosos ou enérgicos, cuidadosos, solidários, companheiros, amorosos oferecidos a mim em cada instante que necessitei.

Desvendei, grata e surpreendentemente, que a beleza que tanto me encanta no arco-íris é a junção das boas energias de todas as criaturas que cruzam a estrada da minha vida e que, independente da proximidade familiar ou física ou regional, eu chamo orgulhosamente de amigos.

Esse vaso que se encontra no final do caminho do arco-íris é abarrotado da somatória de todas as boas qualidades daqueles que sabem ser amigos e andam nessas estradas lindas e coloridas da vida.
O pote preciosíssimo sempre é representado com raios dourados e ofuscantes, como os do sol, lançados em todas as direções com o objetivo de manter acesa a confiança de que nunca estaremos sozinhos na nossa jornada.

Dalva da Trindade S. Oliveira
(Dalva Trindade)

20 de julho de 2012