Faxina no Quarto

Ando pensando em fazer uma poesia, mas não sou boa com versos, nem com os sentimentos.

Hoje acordei com vontade de dormir. Me levantei, abri o sol e tive vontade de sorrir. Fechei a porta do céu e a do inferno. Hoje não tenho vontade de nada.

Abri umas gavetas, organizei sonhos e saudades. Fiz uma faxina e o meu lixo se encheu!

Agora vôo! Pra longe e pra perto! Pra onde já fui e pra onde nunca estarei.

Hora de cuidar de mim! Deixei o ralo levar a sujeira que saía de mim embora. O sabonete cor-de-rosa penetrou por todos os meus poros. Minha alma agora brilha como minha blusa amarela. O vento bate em meus cabelos e levanta minha saia, pregueada e rodada, divertida como outrora fui.

Meus pés descalços pisam no piso frio, mas minha cabeça está quente e perto da Lua e de Vênus.

Estou confortável agora. Talvez pense no resto ou naquela cueca azul no meu armário. Talvez pense no que está entre a Terra e o Sol ou talvez não pense em nada.

Escrevo metáforas que não são metáforas – acredite! A pena desliza sobre o papel do poeta, mas a minha caneta ainda é pesada.

Um gnomo me olha incessantemente, acho que o vi em algum lugar dos sonhos arco-íris. Entre um coração e seu chapéu tem muito mais do que se imagina e do que eu desejo. As aparências, agora eu sei, nunca enganam – descobri nas minhas gavetas.

Não quero atender ao trim-trim. Gosto do cheiro de pele. Mas o choro desprotegido me impede de manter-me em estado de transe.

Acordei.

Meg Casarin
Enviado por Meg Casarin em 27/07/2005
Código do texto: T38083