MELHOR DORMIR
Acordo. Através da janela de meu quarto vejo as luzes da cidade, ao longe, tremulando. Ou serão meus olhos que tremem? Não sei! Do meu sono desperto, fico relembrando o sonho que acabei de sonhar: com grande energia fazia ver à outras pessoas a minha verdade sobre tantas coisas que na vida não tenho coragem de dizer. Vi, também, miséria muito maior que a que me cerca, como se “alguém”, por essa forma, quisesse fazer-me ver que eu ainda tenho “muito” e devo me conformar. Verdade? Olho para o meu corpo cansado: aqui a saúde já arrumou as malas e comprou passagem para ir embora. Olho para dentro de mim em busca da ilusão: onde anda? Também já se retirou! Fecho os olhos e tento recordar, num esforço para encontrar a paz perdida: as imagens se trazem as batalhas inglórias, as amargas decepções, a ilusão desfeita e o ideal inatingido. Aos poucos terminam os duros momentos da minha insônia de cada noite. O sono está voltando. É bom! Vi tanta miséria no sonho há pouco interrompido mas, acordado, meditando sobre a vida, vejo perspectivas muito mais sombrias. Onde anda meu horizonte? Melhor dormir! Só assim eu ainda posso sonhar com alguma coisa, e, se, todavia, meus sonhos trouxerem imagens de tristeza ou miséria, resta-me um grande consolo e um direito inalienável: do sonho eu posso acordar!
escrita pelo meu pai
Curitiba - PR 1974
Edifício Tijucas
Acordo. Através da janela de meu quarto vejo as luzes da cidade, ao longe, tremulando. Ou serão meus olhos que tremem? Não sei! Do meu sono desperto, fico relembrando o sonho que acabei de sonhar: com grande energia fazia ver à outras pessoas a minha verdade sobre tantas coisas que na vida não tenho coragem de dizer. Vi, também, miséria muito maior que a que me cerca, como se “alguém”, por essa forma, quisesse fazer-me ver que eu ainda tenho “muito” e devo me conformar. Verdade? Olho para o meu corpo cansado: aqui a saúde já arrumou as malas e comprou passagem para ir embora. Olho para dentro de mim em busca da ilusão: onde anda? Também já se retirou! Fecho os olhos e tento recordar, num esforço para encontrar a paz perdida: as imagens se trazem as batalhas inglórias, as amargas decepções, a ilusão desfeita e o ideal inatingido. Aos poucos terminam os duros momentos da minha insônia de cada noite. O sono está voltando. É bom! Vi tanta miséria no sonho há pouco interrompido mas, acordado, meditando sobre a vida, vejo perspectivas muito mais sombrias. Onde anda meu horizonte? Melhor dormir! Só assim eu ainda posso sonhar com alguma coisa, e, se, todavia, meus sonhos trouxerem imagens de tristeza ou miséria, resta-me um grande consolo e um direito inalienável: do sonho eu posso acordar!
escrita pelo meu pai
Curitiba - PR 1974
Edifício Tijucas