DIA DE CINZAS

Hora de tirarmos as máscaras

e voltarmos à realidade.

As luzes apagadas do salão

silenciam a madrugada triste.

Alguns ainda soltam, agoniados,

os últimos acordes de uma música

que aos poucos vai perdendo a força,

calando as gargantas secas e desafinadas.

Há um desfile de corpos suados e extenuados

que ao dobrarem a esquina, deixam para trás

momentos, sensações, desejos...

Mais um carnaval que ao findar,

deixa na boca o sabor da saudade.

Amores que se perdem, outros que se despedem...

E nós, como ficamos?

Alimentando os sonhos que virão,

vivendo das ilusões fugazes,

sentindo o desejo enorme de

renascer nas cinzas de uma

quarta-feira qualquer...