inundações
vingam, sobre a razão, as distorcidas e frívolas palavras. ombros agrilhoados e suspensos, semelhantes badalos, balançam e sangram sob a nevoenta noite e as mãos, alongadas, atravessam terras e rasgam continentes escondidos. a ânsia golpeia a garganta jorrando espasmos rubros (flores de sangue) à boca. os olhos chovem e pernas enraízam nas pedras. o corpo crescente desprende das rochas, tal a força do grito d'alma.
o olhar se mistura c'o a noite. ruge o mar! - a minha voz vinga a solidão - mãos avançam para o sal das águas.