E EU FIQUEI SÓ...

O vento ondula suavemente, acariciando meus cabelos

e trazendo sons de exóticas melodias, em seu rodopio

incessante.

No horizonte pintalgado de cores matizadas, o Sol se

despede do melancólico entardecer, cedendo lugar à lua

que, gloriosa, logo se fará a deusa da noite, no firmamento,

junto às estrelas;

dominará, com sua magia prateada, os corações dos poetas

enamorados e dos enamorados que se farão poetas, sussurrando

baixinho aos ouvidos de suas amadas e amados, frases de amor

pinçadas de algum poema escolhido...

Sob o luar que banha meu corpo, também eu sonho com frases

de amor, mas a amplitude do silêncio que me cerca, me marca

com notas de solidão inexorável...

é quando a saudade aflora, quando parece cristalizar - se

ao meu lado, a imagem do amado que um dia se foi sem um

adeus, sequer... e eu fiquei só... só com suas lembranças

povoando de sonhos, laivos de perfumes de corpos, exalados

em momentos de êxtases intermináveis... meu corpo não se

esqueceu, e num paroxismo, parece sentir novamente os

beijos ardentes, os olhares que me desnudavam a alma, me

devassavam como se parte de mim, fosse...

Lágrimas irrompem, caudalosas, dos meus olhos febris,

mas se a luz dentro de mim se apaga, a miríade de estrelas

brilha intensamente no céu de prata, instando - me a reagir...

mas como, se a saudade me arrebata, se meu vulcão se acende,

se meu ser inteiro arde em desejos do que já não tenho, porque

o amado se foi?

Arianne Evans
Enviado por Arianne Evans em 13/08/2005
Reeditado em 13/08/2005
Código do texto: T42406