OLIMPIA - ÚLTIMA PARTE

Alguns parentes de Olímpia reclamaram,
Isso é imoral, o cara esbanja e abusa de sua confiança,
A tia comeu o pão que o diabo amassou,
Ele volta moribundo, cheio de esperança,
E o que ela faz? Deu-lhe perdão, e,
Ainda oferece a reconciliação.

Veja o tio Alcebíades, seu irmão,
Quis dar uma moralidade de cristão,
E na sua oratória orou:
“Eis a planta que faz milagre, veja os olhos de Olímpia eram secos e inspiravam tristezas, agora o brilho deles voltou à luz, percebam o tamanho dessa beleza”.

Nesse retorno, José, poucos meses com Olímpia passou,
Já acometido de enfisema pulmonar,
No Hospital Apostolo Pedro,
Dois dias internados,
E no terceiro veio a faltar.

Junto ao tumulo do marido,
Olímpia pediu:
Coloquem muitas flores amarelas,
Uma faixa de mensagem,
Por favor, não mencione o nome dela,

Passa o tempo, a idosa Olímpia continua,
Bem alicerçada, não se arrependeu,
De ter seguidos os impulsos acometidos,
Uns vivenciados,
Outros; cópias da vida,
Ainda mais ao lembrar,
De sua mãe querida.

Uma nova noticia quase lhe derrubou,
A morte de sua cunhada, esposa de João,
Um ataque cardíaco parou seu coração,
Ficou viúvo o rico seu irmão.
Com um ótimo patrimônio João ficou,
Uma loja filial e a original,
Ações de varias empresas,
Seis lotes de terrenos,
Varias casas, e um apartamento de luxo,
No grande Hotel Quitandinha e uma vaga na garagem,
Situado em Petrópolis-RJ,
A sua imensa residência, contendo três pavimentos,
E outras contas bancárias,
Deveriam ter seus rendimentos.

Mas o Destino é cheio de surpresas,
Devido á morte da esposa,
João caiu em depressão,
Num pouco espaço de tempo,
O saudoso João morreu.

Iniciou um rol de inventario,
Eram onze herdeiros legítimos, e,
Mais onze bastardos.
Foi ai que começou outro calvário,
Para a idosa Olímpia,
Herdeiros não se entendiam,
Muitos deles a de viver nessa agonia.

Olímpia; foi ela mesma que lembrou,
Algo que seu irmão uma vez lhe contou:
Não desejaria que parentes de Santo Antonio,
No seu dinheiro botasse a mão,
Ao lembrar disso, fazia lhe mal,
Mil vezes preferia que todo o seu dinheiro
Fosse dirigido, ao bem estar dos animais.

Isso parece até uma premunição,
Pois quinze anos se passaram,
Da morte de João,
E esse dinheiro até agora está todo enrolado,
No maior numerário, ninguém colocou a mão.

Tantas conversas idiotas,
Não se chega a uma conclusão,
Ferem até a dignidade, e por esse motivo,
Larga o cargo o inventariante,
E a cada dia que vêm,
Outros se obtêm.
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Olímpia apesar da idade,
Encontra-se em plena idéia mental,
Indicou seu sobrinho Jorge,
Pra administrar seus reais,
E nomeou para ser seu tutor,
Foi mais claro ainda,
Num parágrafo que elaborou,
Por não ter lealdade com outros,
Jorge, seus bens herdou,

Foi um estopim na pólvora,
Para tudo recomeçar,
Uns puxam pra cá, outros,
Puxam pra lá.

Semanas depois outro atropelo,
Olímpia foi a casa do sobrinho Jorge,
Logo pela manhã,
E reclama...
Fiquei tonta ao levantar,
Por pouco não cair da cama.

Levada ás pressas para o Hospital,
Como muito carinho e amor,
Ainda dentro do carro,
Sua face se iluminou,
Levada para a maca,
Dentro de poucos segundos, ela viajou.

Era ela servidora,
Lavava e passava,
Todas as roupas de
Aracy e Detinha.

Perdoou sem igual, o marido e a rival,
E a todos que a criticavam,
Na vida apanhou muito,
Mas saiu vitoriosa.




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Os restos mortais do casal
João e Gloria,
Foram exumados,
Colocados em urnas, e, do Rio de Janeiro,
Removidos para o campo santo
De Santo Antonio do Muqui,
E foram depositados em túmulos da família,
Que apesar de tudo, na vida fez história,
Hoje são recordados, ás faltas cometidas são humanas,
E por isso, ainda fazem memórias.

O nosso tempo continua, e ao trocar o inventariante,
Dois bens foram logo vendidos,
O apartamento da Quitandinha,
E a vaga da garagem que ele tinha.
Dez milhões e quinhentos mil cruzeiros de reais,
Foram divididos.

Para confundir, até a moeda ajudou,
Pois a troca fez mudar a economia do país,
E com isso não sabemos,
Se alguém perdeu ou se ganhou.

A história da herança se arrasta,
Parece cumprir tal premunição,
Ainda em nossos dias não há bom senso,
A nobreza e destruída pela ganância,
O imóvel central foi alugado,
Por um ano de prazo,
O faturamento será destinado,
Ao conserto geral,
Já que o imóvel está bastante danificado.

Um ano se passou,
Hoje o prédio está todo restaurado,
Instalações de água, luz, telefone, jardinagem,
Piso, as paredes e o painel,
Portas e janelas, bem como as escadarias,
Tudo retificado.



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Ao vencer o contrato
Outra vez foi renovado,
O aluguel será direcionado,
Aos pagamentos, quais muitos atrasados,
Os I.P.T.Us.

Termino esse conto,
Em forma de poetar,
Com pensamentos suplicantes,
Aos sobrinhos de Olímpia,
Apliquem em suas vidas,
As sabedorias vencidas,
Da analfabeta tia.

Quem sabe,
No inicio do ano,
De Dois mil e nove,
Haja entre eles união,
E todos se renovem.

Se isso acontecer,
Irá quebrar a premonição,
Tudo aqui será vendido,
O inventario consumado,
E os direitos desse mundo,
Serão eles respeitados.,
Até que um dia, iremos ao encontro,
De Minervina, Olímpia, João e Maria.












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