O Beijo

Travamos uma batalha silenciosa para disfarçar o que os olhos nunca esconderam.

Escolhemos os sons dos abraços, dos sussurros, dos suspiros e o gosto dos beijos para esquecermos das promessas e confissões da voz.

E o que nunca foi segredo no olhar, pausava na língua, mudo.

Nosso corpos entregues, nos entregam ao constrangimento de nos revelar um ao outro. Uma nudez entre as almas que se tocam e se sentem.

Tudo que não falamos em sons, prospera este óbvio e singular laço entre nós. Em "nós".

No calor da tua boca, na ansiedade das tuas mãos, na proteção do teu abraço, no som do teu silêncio, teu beijo me confessa... E eu me entrego sem pedir perdão.

Os olhos nunca guardaram o segredo mas, alimentava a dúvida. Teu beijo? - Teu beijo, não.

Débora Andrade