POR TUDO O QUE SINTO

Eis aqui a minh'alma; ei-la poluta e ressequida

Deitada neste alvo catre de celulose, aporrinha

Rindo-me por todos os poros e entrenós que se possa

Mas, sigo sorrindo...

Eis a média a fugir deveras dos meus princípios

Não sou pascigo, sou a fera louca a vencer a cerca

Que se beija e se lambe, acolchoa e invade

Tenho inda, réstia cega e indolente a me perquirir.

Não sou tão escravo deste mundo

Apenas limpo minhas algemas, diariamente

Com a alma exsudada de essência, com a lama na testa

Sôfrega e eternamente efêmera.

Ah, a efemeridade!

Se te sigo por alamedas e escadas, é porque há!

Hoje no espelho, um assombro se enlevou

Ora, tanto a amar!

As vezes pareço não compreender a beatitude das entrelinhas

- a me conduzir ao anonimato -

Posso arfar como miserável nau num singrado mórbido

Que as liras se despetalam, inda caçoando de mim.

Quando repousa vida cálida sobre meus pensamentos mais pútridos

O trinar daqueles clarins me arrombam, em polvorosa

É a paixão, desmesurada e enfurecida

Do cais da minha sapiência, creio que há de perpetuar.

Caso não seja eu a águia.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 02/10/2013
Reeditado em 02/10/2013
Código do texto: T4508002
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