Devolva-me

Em clausura, minha mão repousou sobre meu peito para segurar a dor. O bandido ainda pulsava teu nome e a minha pele ainda exalava teu perfume. Você sempre fica.

Entre esperanças postas feito bandeiras, meu território de sonhos brotavam nossas mãos dadas pelas ruas.

O meu riso, que era tão seu, bastou ao amanhã. Tropecei nas minhas artimanhas de brincar de te fazer feliz. Fui querendo teus sorrisos e fabricando teus amanhãs. Me enrolei num céu de estrelas que eu mesma pintava para te dar.

Me desertei quando deixei fluir em mim teu olhar solitário e tua alma tão só.

E enquanto você me devolvia, eu voltava para mim mais cheia de nós. Voltava a tecer teus dias floridos de paz e muita luz.

Mas, da cumplicidade dos nossos corpos e da intensidade que você ainda não sabe o que fazer, eu me encho e me retalho de histórias que acertam lembranças. Não eram lembranças que eu esperava de um amor que só pode ser desta vez.

Meu gesto, meus olhos e todo meu resto ainda têm o teu jeito. Mas da vida que não para, aprendi que, de fato, "é" aquilo que desejamos "ser".