DEVANEIOS ETÍLICOS
Sob a luz fraca de uma arandela ao canto,
a pena liberta a voz embargada
na expressão plácida daquele que
exorciza sua dor por todos os poros,
confluindo para aquela velha companheira
que se presta a imprimir sentimentos
às brancas folhas que povoam a costumeira mesa,
registros fiéis da qualidade de um sentir construído,
mormente na companhia do fiel Carbenet,
em habitual rito que destila fragmentos de
impressões construídas a partir de imersões
ao passado para potencializar as possibilidades
de antecipação do futuro,
como forma de conseguir o ideal despojo
de uma visão lúcida que permita a sobrevida
da inspiração necessária à crença na
provável força restauradora, possivelmente
armazenada nas prateleiras de um tempo
ainda em gestação.
Percebe-se, eventualmente,
o orvalhar de parcas lágrimas que deslizam
aos picos de emoções mais efusivas.
O silêncio é perpassado pela sonora poesia de
Paul Simon que oferece a trilha perfeita,
colorindo a tarde em tons adequados ao
painel que se desenha na mente que busca
a fidelidade perfeita junto aos signos que se
apropria para registrar nos espaços daquele
instante, os momentos mágicos de expiação
de suas mágoas e desventuras.
Profundo ato de contrição mesclado a um
estranho pesar pela inexistência de
muitas histórias não vividas.
A arte se apresenta sob as
vestes de farta Literatura
ao seu alcance,
Oferecendo-lhe alívio
Às chagas ante aos duros golpes
desferidos pela realidade
Que o consome.
Um último gole,
alívio ao último
golpe.