DEVANEIOS ETÍLICOS

Sob a luz fraca de uma arandela ao canto,

a pena liberta a voz embargada

na expressão plácida daquele que

exorciza sua dor por todos os poros,

confluindo para aquela velha companheira

que se presta a imprimir sentimentos

às brancas folhas que povoam a costumeira mesa,

registros fiéis da qualidade de um sentir construído,

mormente na companhia do fiel Carbenet,

em habitual rito que destila fragmentos de

impressões construídas a partir de imersões

ao passado para potencializar as possibilidades

de antecipação do futuro,

como forma de conseguir o ideal despojo

de uma visão lúcida que permita a sobrevida

da inspiração necessária à crença na

provável força restauradora, possivelmente

armazenada nas prateleiras de um tempo

ainda em gestação.

Percebe-se, eventualmente,

o orvalhar de parcas lágrimas que deslizam

aos picos de emoções mais efusivas.

O silêncio é perpassado pela sonora poesia de

Paul Simon que oferece a trilha perfeita,

colorindo a tarde em tons adequados ao

painel que se desenha na mente que busca

a fidelidade perfeita junto aos signos que se

apropria para registrar nos espaços daquele

instante, os momentos mágicos de expiação

de suas mágoas e desventuras.

Profundo ato de contrição mesclado a um

estranho pesar pela inexistência de

muitas histórias não vividas.

A arte se apresenta sob as

vestes de farta Literatura

ao seu alcance,

Oferecendo-lhe alívio

Às chagas ante aos duros golpes

desferidos pela realidade

Que o consome.

Um último gole,

alívio ao último

golpe.

MARCO ANTONIO BREGONCI
Enviado por MARCO ANTONIO BREGONCI em 09/11/2013
Reeditado em 10/11/2013
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