MAR ABERTO NA IMENSIDÃO DO SENTIR
O eterno e célere suspirar...
A efemeridade me cobra muitíssimo
Se tenho saber, tenho o sabor dos versos.
Respiro o sôfrego romper da manhã
Num cacho bárbaro de nuances e tal
Para me servir em bandeja de espuma.
Sei da vida, o que ela se despe em mim
Às vezes, rejeito e sigo apolítico, cético
Comendo farelos de memórias pútridas e untadas no sal.
Se estuporo tais fleimões desgastados e ignóbeis
É porque o amor me tem por inteiro
Não sei ser metade, não sei ter metade.
Parece o marulhar a beijar meus olhos
Uma epopeia de sentimentos íntegros e despejados da garrafa da manteiga, do bolo de rolo
Da vida plena achacada que se faz maravilha numa escandalosa manhã de pêssego.
Tenho de desfrutar e aquiescer ainda
Prezo as liras a me emoldurarem e a me aquecerem
Do calor insuportável que meu peito teima em abrigar.
Da mansidão ao relento, do olor de diesel e do remanso desse mar vindouro
Só pode ser ouro nas águas do mar, só pode o dízimo duma tarde esquecida.
Sou tenor dos meus sentimentos e não clamarei por auxílio
Nem que eu arfe na superfície a me desidratar, a vomitar as vísceras
Sorverei cada instante, cada átimo deste meu incessante perquirir.
O ato a me fitar, as coisas a se rebelarem na cabeceira da essência
Ah, não sei ser metade! Só hei de ser verdade e esta me valerá os anos...
Que assim eu veja!