POST MORTEM

Tinhoso, o astro rei se demorou a rebrotar

- ouço vísceras minhas a refestelar -

Onde está a tão bem vinda botelha?

Castigada sob o sol que escondia o catre.

Por meses, jantei com os abutres, tolos a me devorar

Pobrezinhos!

Ingeriram cicuta como seiva

Elaborada pela labuta dum cerebelo séquido

- não houve tal aurora -

Sinto a pleura amolgar-se no peito

Une-se, enfim, a moldura humana à descompassada paisagem

De carne, sangue, régio pejo e imbricadas joias.

Tem-se a cerca morta por golpes de catana

A esporular sorrisos

- que engasguem tais borbulhas -

O meu 'eu' gasto e onívoro está de volta

- inda de joelhos -

Contudo, com jeito de alcova adornada

A acender o lampião, a tomar a tela e a beber a vida.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 19/12/2013
Código do texto: T4617933
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