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NOSSO NATAL
Odir Milanez

 
 
Nosso Natal sempre foi uma festa fechada aos familiares e com um só homenageado: Jesus Cristo. Seguia princípios rígidos: o meu pai cuidava das compras; minha mãe e irmãs eram responsáveis pelo preparo da ceia; os meus irmãos mais velhos, irresponsáveis, cuidavam da rua. Eu, por ser criança, era o provador oficial de cada prato apregoado pronto.
 
Nesse entretempo, era exigido o cuidado especial de todos para não sujar o chão faxinado de véspera. Mesmo assim, de vez em quando alguém corria um pano molhado pelos matizes dos mosaicos das salas e da cozinha, tarefa repetida até que a noite escondesse o excesso de poeira nos rodapés das paredes.  Até que anoitecesse o nosso Natal. Até que víssemos a mesa posta, coberta por uma toalha de linho branco, rendada nas bordas, a nossa alegria interior refletindo nos  cabelos bem cuidados, nos rostos limpos, nas unhas feitas, nas roupas novas, nos calçados luzentes e na fé sem limites ante as graças a nos serem concedidas pelo Menino Jesus!
 
Até que, em fila indiana, às dez horas da noite, seguíssemos para a capela do Bom Pastor, assistíssemos a missa celebrada em latim, comungássemos e, após a confraternização com os demais fiéis, voltássemos ao cenário cristão erguido na sala principal de nossa pequenina casa.       
 
Havíamos recebido Jesus na Hóstia Santa e nos sentíamos santificados seguidores da Sagrada Família. À meia-noite, em ponto, os meus pais erguiam o toalhado, cantávamos louvores aos céus, apagávamos e acendíamos as luzes e, finalmente, libertos dos rígidos princípios, dávamos início à comilança. à beberagem, aos beijos e abraços que nos uniam ainda mais  à tutela patriarcal e no respeito às cousas de Deus!
 

 
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              E foi assim a nossa vida, até que a vida se foi, levando, não sei para onde, o nosso NATAL....
 
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UM NATAL BEM FELIZ
Odir Milanez
 
 
Um Natal bem feliz! Como eu quisera
ouvir ao vento os cantos clericais
em louvor a Jesus, forma sincera
de devotar-Lhe amor cada vez mais!
 
Um Natal bem feliz! Ah, quem me dera
ouvir a voz alegre de meus pais
em frente à mesa farta, a doce espera
da liturgia e cantos dos missais!
 
A volta abençoada após o culto.
Minha mãe uma santa envolta em véu,
eu lhe adorando o porte, andando adulto!
 
Em casa a chusma, a ceia, o escarcéu!...
Mas o Natal de mim quedou-se oculto
dês que meus pais partiram para o céu!
 
JPessoa/PB
24.12.2013
oklima

 
oklima
Enviado por oklima em 24/12/2013
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