A ROSA E O ESPINHO

Tendo-se enlevado por gota própria
Canta a rosa, leda e pura
Na azáfama da manhã nutrida.

A contemplar tal acúleo, pungente e sereno
A fita-lo harmoniosamente
E, sabendo o seu papel, admira-lo-ou.

Por vezes, dona rosa o desdenhou
- muitas vezes -
Quando estivera em cio, na algibeira da amplidão.

Nas horas em que a solidão foi ter com o desamparo:
Lacrimejou.

Abrandou seu melancólico pranto
Recheou-se com picardias e intensificou a cor.

Suas pétalas luziram, corresponderam ao lume
E as mazelas que lhe haviam deitado suas quelíceras,
Feneceram.

Bendito acúleo na existência da pútrida rosa!


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Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 06/02/2014
Código do texto: T4680365
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