NO LIVRO DA VIDA

No livro na vida existe um capítulo reservado às horas desperdiçadas,

aquelas que não são nem esperança, nem mágoa

- que as emoções sempre foram o pêndulo da humanidade.

Os homens aprenderam sozinhos a renegar o seu próprio sangue

e a apostarem em objectivos longínquos e em falsas expectativas.

No livro da vida, não são os olhos que lêem, mas sim os sentidos

- E estes falam continuamente de sangue, suor e lágrimas

(a equivalência aos primordiais: fogo, água, terra e ar).

Sempre que o equilíbrio intuitivo é deturpado,

toda e qualquer verdade pode ser gravemente condicionada

- e as palavras bebem prioridades que colidem com as boas normas.

Cada um de nós é uma obra inacabada - o texto que vai sendo escrito a todo instante - e aí mesmo, no instante, o guião vai sofrendo as inevitáveis alterações,

ora, por aquelas mãos conscientes que lançam as sementes da esperança,

ora, pela a orientação subjectiva daquilo a que ousamos chamar: destino.

Mas também existem aqueles que se enfastiam de escrever emoções,

de reinventarem passos, de procurarem novas fronteiras...

Como existem outros que baixam os braços logo no prelúdio dos gestos,

ou os que capitulam no melhor da trama (talvez por ignorarem os sabores da vida),

ou ainda os que escrevem mecanicamente e no final ainda se questionam se já acabou?!...

Felizmente vão resistindo os ousados, bem conscientes dos seus objectivos, e que partem decididos a descobrir as nascentes da sua centelha – por mais crepúsculos que lhes ofusquem a caminhada.

Para estes homens e mulheres, o tempo chega a ser tratado por “tu”

e os instantes nunca ficam à deriva, transformando-se em cristais de pura emoção.

E para que as horas desperdiçadas naufraguem nos seus ocasos,

floresçam livros & livros a (d)escrever a mais pura

criatiVIDAde!

escrito em 25.10.2013 e em 05.11.2013,

Abílio Henriques (Henricabilio)

HENRICABILIO
Enviado por HENRICABILIO em 17/04/2014
Reeditado em 17/04/2014
Código do texto: T4772633
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