Poesia saudosista
Vasculhando os armários da poesia encontrei: saudosismo! Lembranças de tempos pueris. Memórias tão joviais, e por que não, juvenis. E o que ficou pra trás. Não volta. Nem a pessoa que fui. Os versos que poetei. O futuro que almejei. Mudei tanto, meu Deus! Não me reconheço n'aquelas prosas. Nem diante do espelho. A face mais austera. Uns dizem, é a vida. Eu digo: é a matança. Dos sonhos. Dos devaneios. Da inocência. O maior vilão: o tempo. Alguns dizem: aliado. Eu já nem sei mais se confio neste fado. Ou destino, porque até as palavras evoluem. As expressão são outras. E as marcas também. O que ficou daquele tempo, então? O mesmo nome e sobrenome, a mesma casa e endereço. Mas agora com outro carro na garagem e uma TV de plasma. Outros livros na prateleira. Outro tapete na soleira. Outra paisagem na janela. Outros sons da cidade. Não fui eu que mudei. Foi o mundo a volta que foi embora. Outro tempo, outro humor, outra estação. Como não ser saudosista após tanta 'evolução'?