O VÔO DA FÊNIX

Um farto relicário oculta segredos e saberes puros e decantados, legados de muitas expedições às terras inóspitas das entranhas psíquicas de uma mente que se auto-sentenciou.

Expatriado, em degredo por ele próprio legitimado, as luzes de sua alma foram as únicas companheiras das mais íntimas horas, onde a existência se via em permanente xeque e em constante ameaça. O equilíbrio e a sanidade eram desafiados nos campos inóspitos e desprovidos do ópio normalmente insuflado em nossas veias pela irracionalidade de um cotidiano que se presta a nos manter sob o jugo de regras de conduta pré-concebidas.

Eis que numa dada hora, uma luz em intensidade máxima, na sua magnífica e incorruptível natureza, pôs-se a bronzear aquele espírito com a cor mais fiel de um conhecimento que marcava certezas na sua pele, agora alva e apta para receber as impressões de um saber autêntico e insofismável, à prova de qualquer retórica.

Administrar os conflitos consequentes da dicotomia entre uma lealdade idiossincrática e o suposto dever social pela continuidade de uma marcha a qualquer custo, onde suportar o absurdo era a ideologia vendida como mérito dos fortes, em relação aos quais se espera, obrigatoriamente que assim se mantenham, não se discutindo o preço ou a procedência dos patuás ou amuletos que se recorra como fontes alternativas para driblar a revolta e emudecer o grito dos insurretos - a tudo isso foi preciso encarar os monstros na caverna, expulsar os demônios que confundem o tino, descobrir falsos amigos e reconhecer aqueles que são verdadeiros...

Penas arrancadas e renascidas outras; bico que se quebrou dando lugar a um novo; unhas envelhecidas arrancadas, mas principalmente, espírito refeito em brasa e fogo, vigor forjado nos porões da mais lúgubre gruta, donde se abrigam os mais tímidos segredos de uma vida - de lá emerge uma força consciente que centelha nova energia, fazendo vibrar num corpo, um viço renovado.

Ah, velho mundo! Abra os céus para novos vôos de uma Fênix que deixa os píncaros, em manifesto contundente pela sede de novas experiências e conhecimentos.

Eis-me pronto, agora, remoçado pela mais eloqüente Filosofia e acariciado pela não menos nobre poesia.

MARCO ANTONIO BREGONCI
Enviado por MARCO ANTONIO BREGONCI em 04/09/2014
Reeditado em 04/09/2014
Código do texto: T4948813
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