Interlúdio do Coração

Ouço a tempestade vindo através dos ventos alvoroçados

os trovões aceleram as batidas do meu coração mediador

e o frio se transforma numa neve fina sobre os gramados

um coração perturbado não conhece a paz de um mentor.

Os cercados ainda tentam delimitar a liberdade perdida

mas a tempestade opressora desarruma tudo num segundo

e o meu coração me guia na escuridão e mostra-me a saída

enquanto os ouvidos ouvem as palavras vazias do mundo.

Ainda existe vida em mim, apesar do silêncio da minha voz

os tiros ainda acertam as crianças que não tiveram infância

e as mães são mortes onde as vidas começaram, sina atroz

as casas ficam abandonadas em seu âmago e nestas circunstâncias.

Tudo acontece num minuto, mas o coração é lento nas mudanças

sofre cada segundo que pulsa na alma ferida do seu sentimento

os ouvidos não querem ouvir, os olhos não querem ver as lembranças

e a saudade é igual a tempestade que nos tira a vontade do alimento.

Transições que chegam com os ventos alvoroçados e insensíveis

quando o inverno é longo, a neve congela as pequenas nascentes

mas o espírito tenta aquecer o coração forte com gestos possíveis

porque ainda há vida depois da tempestade e suas frias correntes.

As mudanças são aprendizados forçados, não desejo pra ninguém

os olhos escurecem, nossos ouvidos ensurdecem e a voz engole

o sofrimento em forma de tempestade vinda de algo ou alguém

os raios arrepiam a pele morna enquanto cada sentido nos foge.

O tempo nos diz que ainda há esperança depois das cicatrizes

o coração ainda pulsa, a vida está presente e conseguimos respirar

e se um dia a tempestade voltar, mais uma vez, seremos aprendizes

porque nesta vida só não vive quem jamais soube o que é amar.

Helen De Rose
Enviado por Helen De Rose em 16/09/2014
Reeditado em 29/04/2020
Código do texto: T4964381
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