VESTIDA DE ESPERANÇA

Vivo no tempo e me perco no espaço.

Visto-me de rosas azuis e cravos vermelhos... porque meu corpo é um mundo de espinhos e recordações... de angústias vermelhas num passado remoto...

Carrego nos ombros o pesado fardo da ingratidão... nos braços a chama da solidão e na alma o silêncio de gritos lancinantes.

Sou feita de pesadelos e espaços vazios, envolta em véus de espuma de bolas de sabão...

Procuro-me nos silêncios das madrugadas... nas horas mortas das noites vazias e nas planícies sombrias dos fins de tarde...

Guardo minhas mágoas nos recônditos estreitos de labirintos abandonados ao destino da sorte...

Meu fado é cantar o poema imortal esculpido nas asas do vento e lançado nos braços envolventes da noite...

A noite... doce amiga de todos os silêncios que me enlaça no seu frio manto e me acalenta no seu regaço acolhedor.

Quero ser a sombra amiga do passado... quero envolver-me na penumbra dos dias chuvosos sem arco-íris... conhecer as manhas das manhãs submersas em murmúrios de solidão...

Quero amar os desenganos... as desilusões... o futuro incerto... as lágrimas amargas entalhadas no rosto do medo... quero alcançar a terra distante que partiu sem mim, me deixando órfã à deriva num destino agonizante...

Quero escutar os lamentos apaixonados dos amantes aprisionados nas ilusões fugidias... quero sentir a loucura febril duns braços rasgando tempestades e abraçando meu corpo cansado sedento de um pouco mais de calor...

Quero vestir-me de esperança e sonhos lilases, sonhados em dias de sol e tardes escaldantes de promessas de amor!

By@

Anna D’Castro

Anna DCastro
Enviado por Anna DCastro em 29/09/2014
Reeditado em 29/09/2014
Código do texto: T4980814
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