NA TARDE, CAI A CHUVA

Na tarde, cai a chuva e te olho me observar calado. A música de Beethoven não me inspira, ou talvez me faça decidir a arrebentar cabeças com palavras. Não quero ouvir teus ais, nem teus queixumes de um abandono qualquer. Se minha angústia é sufocada sem piedade, segura a tua ponta com fervor para que possamos prosseguir na estrada. Teu riso desbotado é o prenúncio do que está por vir. Conheço tuas manhas, não dá pra caminhar na água. Contra a tua vontade, desfaça-te da coleira e aguenta o teu latido.