Num súbito instante...

A inexorável derrocada de uma ilusão, o esfacelar - se de um sonho, o grito de agonia de uma alma apaixonada que é jogada para o abissal vazio da descrença...

Num súbito instante, a vida se despe de suas cores, um poeta descrê dos amores, o arco - íris apaga suas cores e o universo chora uma sinfonia de estrelas cadentes sem nenhum brilho ou som...

Num súbito instante, um coração se acelera com violência diante da morte do seu mais belo, perfeito e inexplicável poema, que jaz arrancado de suas páginas mágicas pelas mãos cruéis do destino, e ainda assim, continua amando, amando com a mesma intensidade...

Num súbito instante...

A triste, triste solidão ... A melodia do amor ainda encontra ressonância na minha alma, no meu coração, porque estou impregnada, dele, mas ao olhar para os meus sonhos,

vejo - os tão voláteis... não são sonhos que um dia irão realizar - se... Minha realidade é cruel, é contundente, porque o amor que sinto, é proibido para mim... O rosto que trago desenhado nas retinas, é como um quadro valioso que jamais estará ao meu alcance...

Quanto vazio... quanta saudade dos beijos que nunca dei... que nunca recebi... do corpo que minhas mãos jamais acariciarão... da febre que me despertou no mais íntimo do ser... e que não foi satisfeita com o corpo que tanto amo e que, no entanto, embora haja tanto amor, está tão distante, que só nos meus delírios, possuo...