Castelo Azul...

Onde estão os castelos que um dia construí de sonhos?

Sonhos... esgarçam - se como nuvens, quando a menor brisa

de desilusão os toca... Que dirá quando um vendaval os açoita,

com violência, levando tudo de roldão...

Tu me expulsastes do nosso "Castelo Azul", antes de destruí - lo,

mas não sabes que lá ficou, para sempre enclausurada, a minha

alma... a alma que te entreguei, um dia, quando então, te

chamava "vida", porque eras, para mim, a minha própria vida...

Não conseguistes ao menos sentir o perfume que ficou pairando

no ar, dos nossos corpos enlevados em êxtase...elevados à

sublimação mais pura, dos sentimentos...

Não conseguistes ouvir, ainda, a sinfonia dos nossos suspiros, das

nossas juras de amor eterno, ecoando pelas paredes azuis do

nosso castelo de sonhos...

Deixastes que teu amor se dissolvesse em bocas que jamais te beijarão

como te beijei.... em corpos que jamais serão tão teus, como foi o meu,

porque jamais alguém chegará a conhecer - te, como eu te conheci...

como tu me conhecestes... nós nos adivinhávamos... havia uma sintonia

mágica, entre nossos pensamentos....

Não pensastes em mim... não pensastes que, enquanto te dispersavas em outros abraços, meus braços pendiam exânimes, vazios e solitários do teu corpo amado que tanto desejei...

Meu vocabulário é pobre, para expressar a minha tristeza... Talvez os

anjos, do céu, ao verem tanta mágoa impregnando meu coração,

consigam sublimá - la, transformando - a em oração...

Meus olhos parecem cascatas jorrando lágrimas, mas essas não

aliviam a dor que me avassala... Sinto seu calor sobre minhas faces como fossem cordões de lavas, incandescentes, queimando como queimam as chamas do inferno que lavra minha alma...

Nenhum grito sai da minha garganta... nenhum gemido ecoa do

meu peito... apenas soluços e suspiros escapam do meu coração...

Porque sei que entre nuvens brancas, nos píncaros de uma alta

montanha que se debruça sobre o mar que brame, murmura e chora,

jaz um Castelo Azul e um amor... em escombros...