Reconstrução

E de repente, o abrir do chão que sustentava as certezas do ser.

O ruir das paredes conceituais construídas ao longo dos anos e que o escondiam no abrigo "seguro" da hipocrisia.

O desmoronar da fachada das aparências que o protegiam da exposição que revela as verdades internas mais chocantes.

O cair da máscara usada por imposição do orgulho e da arrogância.

E por fim, o fechar das portas por onde sempre acontecem as fugas do próprio eu.

Desnudos diante do espelho da vida...

Nudez que expõe muito mais do que se queria descobrir.

E a vida revelando sem dó tudo que até hoje impediu a construção de um viver sólido e seguro.

E o que se revela são potenciais vencedores extremamente limitados pelos pesos e amarras que levam no interior do ser.

Então é chegada a hora de largar os fardos, soltar as amarras e reconstruir a vida sobre os alicerces sólidos da verdade.

Levantar paredes mais retas e aprumadas com o prumo da justiça.

E construir uma fachada que tenha sua principal beleza na transparência de suas vidraças, que, embora lhe emprestem um ar de fragilidade, lhe garantem a segurança e a proteção que só a honestidade e humildade podem proporcionar.

Esse é o preço da reconstrução.

O reconhecimento dos erros que nos limitam e o confronto sincero com o feio que há em nós.

A aceitação da fragilidade e deficiência das estruturas interiores que até então nos sustentavam.

Mas, acima de tudo, há que se ter um intenso desejo pela transformação da essência que até então imperou e por isso nos limitou.

Esse é o preço a pagar por um novo sentido pra vida.

Que nos dará forças para romper com os limites impostos pela hipocrisia.

E coragem para nos lançarmos nos braços da verdade e da humildade.

Deixando que estas nos conduzam pelos caminhos floridos e seguros da liberdade interior.

Elaine Monte
Enviado por Elaine Monte em 05/03/2015
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