Medo

Eu fiz da sofreguidão um refúgio. Muitos acham isso normal. Aos poetas, talvez. Mas eu não sou poeta. Não mais. Me perco agora em prosas tão confusas, querendo dizer o que não cabe em palavras. E me perturbo assim, em noites de suor. A cama é meu refúgio. O sono me evita pensar. E o sonho tarda a se realizar... Que mundo colorido eu pinto em pensamentos! Se fosse tão fácil, eu faria realidade. Mas o medo paralisa. Tira as asas da imaginação. Me torna morta, na cama, gemendo. Sofreguidão. Esta prosa era para terminar astuta, engenhosa, não tão hostil. Mas o que posso dizer é que o medo me deixou no chão. Eu preciso levantar, mas não posso. Eu quero mudar, mas não posso. Eu quero pintar outra tela, talvez um novo computador ajude. Eu quero uma nova máquina que me cure! Eu sonho o impossível, dentro das minhas possibilidades. Talvez eu vá ali, descansar, voltando às minhas velhas verdades. Socorro! Um grito quase mudo pra uma vizinhança quase surda. E eu vou encarando a solidão, porque me alimento dela. Ei, você, aí, na casa em frente, melhor fechar a janela.

Andrea Sá
Enviado por Andrea Sá em 04/06/2015
Reeditado em 04/06/2015
Código do texto: T5266083
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