Distância e saudade

A porta fechou-se mais rápido do que pude ver

E assim, fechou-se também um capítulo da história

Desta que vos fala, triste e sem memória

Mas com um coração, este que só faz padecer

Estranho o gosto na boca, de lágrima sentida

Quando o peito aperta de saudade dolorida

Quando os olhos choram lembranças adormecidas

Que há tão pouco atrás estavam assim, tão vivas!

Mas existe pouco remédio pra tanto pesar

E de dor, custa, mas os pés voltam a caminhar

Há de se maldizer os dias em que achei, inocente

Que sua volta apressada, seria iminente

Porque toda noite eu pedia aos deuses da angústia

Que tornasse a fazer meus olhos felizes

Com a visão bem aventurada de sua chegada

E sim, fugi quando esteve tão perto!

Porque não queria correr o risco de molhar o sorriso

Com a água que brota das minhas noites sem juízo

Em que pedi por sua volta, em sonhos de cera

Que não chegasse nunca aquela terça ou quarta-feira

Antes mesmo que você virasse a esquina

Antes de amanhecer o dia no quarto escuro

Mesmo antes de ver a neblina

Do dia lindo que nasceu sem futuro

E que dormiu...

Irremediavelmente em saudade

Indiscutivelmente triste

Indesculpavelmente querendo que tudo desse errado

Que na última hora desistisse de verdade

E foi como sentir os olhos piscarem

Assim, rápido

E você não estava mais ali

E do beijo, cálido,

Só restou a roupa que um dia esqueceu aqui

Flávia Jobstraibizer
Enviado por Flávia Jobstraibizer em 23/09/2005
Reeditado em 23/09/2005
Código do texto: T53128