SANGRE COM A FELICIDADE
Mantenha a felicidade sob a vigília da escolta
Ela é volátil, tal a verde aurora
Infame, mexeriqueira, indiscreta
Reúne apologias singelas e discrepantes
Ela é ódio na mansidão rejeitada da glória.
Adoce-a com fel e cicuta aos tomos
Cumpra-a como a lava faz ao solo
Forre-a com a difamada serrapilheira
Adube-a, tenha-a como mártir em sua vida
Crucifique-se por a possuir.
Transforme o irrisório contentamento em mel e pão
Salivará pelas ventas mero envelhecido, debalde
Aos montes de papeis picados e enternecidos
Por sob o catre, por entre as pernas
Sorva-a como se lhe fosse real!
Aqueça-a com ideias pré cambrianas
Tolices e paralelos afins de uma tarde de inverno
Brade contra a mesma na hora do Domingo
Seja casto, sujo, inverossímil e tangente
Horrorize-se ao espelho por aborta-la novamente.