SANGRE COM A FELICIDADE

Mantenha a felicidade sob a vigília da escolta

Ela é volátil, tal a verde aurora

Infame, mexeriqueira, indiscreta

Reúne apologias singelas e discrepantes

Ela é ódio na mansidão rejeitada da glória.

Adoce-a com fel e cicuta aos tomos

Cumpra-a como a lava faz ao solo

Forre-a com a difamada serrapilheira

Adube-a, tenha-a como mártir em sua vida

Crucifique-se por a possuir.

Transforme o irrisório contentamento em mel e pão

Salivará pelas ventas mero envelhecido, debalde

Aos montes de papeis picados e enternecidos

Por sob o catre, por entre as pernas

Sorva-a como se lhe fosse real!

Aqueça-a com ideias pré cambrianas

Tolices e paralelos afins de uma tarde de inverno

Brade contra a mesma na hora do Domingo

Seja casto, sujo, inverossímil e tangente

Horrorize-se ao espelho por aborta-la novamente.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 13/08/2015
Reeditado em 13/08/2015
Código do texto: T5345125
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