Mais uma liga rompida

E quando foi que deixei de ser? Não me lembro de ter dito que não era mais. Talvez tenha sido um dia desses que você tenha confundido o meu “sim” com um outro “não” qualquer, mas tenho certeza de que sempre me deixei ser.

Chega, não são mais necessárias quais quer tipo de delongas. Deve-se agora, subir as cortinas. Não há mais nada clichê do que isso, mas, fazer o quê? Quando começarem as luzes a acenderem, e os sons a tocarem, todos devem levantar. Sem exceção alguma, isso sem dúvida.

Foi em um dia branco... Lembro-me bem da expressão na sua cara. Era meio seca, mas eu podia sentir, podia tocar sem usar as mãos, podia ver toda a sua alma. Nossa, preciso parar de usar clichês, posso me tornar uma pessoa qualquer dessa maneira.

Quando vocês tornarem as costas para mim, por favor, não se esqueçam de todo o trabalho que pus aqui. Foi difícil demais largar todos os hábitos, todas as folhas e os vestidos. Talvez seja propício que o piano aumente a intensidade da música agora, mas por favor senhor pianista, que isso fique a seu critério.

É hora de deixar o seu lado. O barulho do trem vem vindo, numa constante muito irritante e eu não suporto mais os fios a explodirem, também de forma invariável. Tudo me irrita, inclusive você. Por mais que repare nos vermelhos veios na sua face, eu não mais aturo essa minha transição. Deveriam ter me avisado que seria assim doloroso.

E agora, peço que caminhem lentamente em direção às portas. Peço desculpas pela vida curta que tive, pela mera apresentação, mas foi assim que me ocorreu. Tudo muito rápido, nada que tenha valido a pena. Ah! E os trocados, os poucos trocados que talvez queiram deixar, entreguem a um apaixonado qualquer... quem sabe possa ser eu o mendigo.

Stephanie Correia
Enviado por Stephanie Correia em 04/07/2007
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