Ode aos livros
Talvez não coubesse a mim os grandes enredos. E os romances mais longos. Eu era de palavras curtas. Aquelas frases de efeito que li nos livros. Ah! Os livros que mudaram minha vida! Alguns desinteressados, lidos, assim, num domingo de tédio. Outros tão densos, reflexivos, mereciam ser sublinhados por inteiro. Alguns foram preenchidos por anedotas nos cantos das páginas. Outros ficaram ali, na prateleira, com seus marcadores coloridos. Parei na introdução. Não consegui. Alguns li e reli e a cada vez entendi o mundo de uma forma diferente. Cada personagem, um estado de espírito. Ora incrédula, fechava-os, raivosa. "Balela". Ora de mente aberta, serena, folheava-os, esperançosa. E a todos devi certo tom de melancolia quando os aconchegava no peito, ao adormecer o sono dos justos. Muitos escorregaram pelas mãos de outras pessoas. Poucos voltaram a mim. Mas todos marcaram o que sou e deixei de ser. Eu sou mesmo fruto do que li, embalada pelo momento. Talvez eu mesma seja uma personagem, no maravilhoso livro do tempo...