A NAUFRAGAR

Os porquês da vida, a remo

São beliscos, mil réis na lama

Ouço ao largo o rastejar mudo do cetáceo

Murmuro, sapiente...

Rezam versos de alcaparra e jamelão

No desvelo da alma

Por lançar os estolões juncados de glória

Despedaçando-se, tangenciando a prosa.

Meras raspas, tal cobertura amanteigada

Que atravessa, atrapalha...

Contudo, faz parir a esperança

Tocante ao roto mundo, de visagens e de assovios.

Geme alto ledo e tenro verbete

Como se pérolas vomitasse ao léu

Como se sentisse o mais enlevado céu

A esporular em suas vestes, ora imbricadas.

E sonhara com o lençol a pique

Na noite pútrida, cheirando a apelo.

Ao pé da injúria, relinchou o mar

E sonhara com o salgado olor...

Sonhara, chorara, mas jamais alcançara.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 31/03/2016
Código do texto: T5590825
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