A NAUFRAGAR
Os porquês da vida, a remo
São beliscos, mil réis na lama
Ouço ao largo o rastejar mudo do cetáceo
Murmuro, sapiente...
Rezam versos de alcaparra e jamelão
No desvelo da alma
Por lançar os estolões juncados de glória
Despedaçando-se, tangenciando a prosa.
Meras raspas, tal cobertura amanteigada
Que atravessa, atrapalha...
Contudo, faz parir a esperança
Tocante ao roto mundo, de visagens e de assovios.
Geme alto ledo e tenro verbete
Como se pérolas vomitasse ao léu
Como se sentisse o mais enlevado céu
A esporular em suas vestes, ora imbricadas.
E sonhara com o lençol a pique
Na noite pútrida, cheirando a apelo.
Ao pé da injúria, relinchou o mar
E sonhara com o salgado olor...
Sonhara, chorara, mas jamais alcançara.