Botão de rosa

Sentada num banco de madeira, ela olhou para o lado como se estivesse esperando por algo ou alguém, os olhos tão compenetrados no horizonte, comprometidos com o desconhecido.
Lá estava ela com a sua saia rodada e um sorriso inocente, mochila nas costas e um destino desolador. Levantou-se ajeitando a alça da mochila de pano, observou tudo pela última vez e partiu.
Caminhando só, não sabe para onde, para não perder o hábito de contar os passos.
Não queira segui-la. Ela precisa dessa falsa autonomia para ter o controle das coisas.
Nem sempre foi assim, mas já foi pior. Hoje prefere se considerar indiferente. Não adianta tentar pegar o destino com as mãos, ele sempre surpreende.
Resta saber o que é que se faz com o que resta de nós. Porque o que sobrou dela ainda é encanto.
Ela já perdeu o caminho. O mundo a deixou sem chão.
A maldade tentou levar tudo o que tinha, mas não matou a bondade no seu coração.
Com frescor ela conservou a meiguice de menina, sua originalidade não está à venda e nem adianta imitar, palavras não representam nem metade do que ela é.
As produções em série disputam coroas invisíveis, ela só queria um pouco de paz e um amor para chamar de seu.
Um amor para crescer e até os céus ascender com amor.
Ela é um botão de rosa sendo tratada como se não passasse de um espinho.
As lágrimas escorrem pelas curvas macias de seu rosto de anjo, como deve doer um coração partido, abraçar o próprio colo sem abrigo.
Os meses não dão trégua, o sofrimento não é uma exclusividade. Ela precisa continuar.
A noite é tão grande, iguala-se ao medo, mas a morte não a aflige e sim uma vida sem ação. Sobrevivente de si mesma, de um mundo ordinário demais para notar a grandiosidade de seus atos.
O coração partido é condição, nenhuma ferida doerá para sempre.
O verdadeiro amor é o vento que alimenta a esperança daquela menina que nunca deixou de acreditar na vida.
Sempre haverá uma tarde de sol.
E ela parte em busca de viver uma história só sua, sem negar nenhum verso, sem se deitar em cima do passado.
Seus olhos contemplam o lento desabrochar de um sonho vívido.
Não importa o caminho, botão de rosa, siga sempre sorrindo, sempre sorrindo.
Siga sempre o seu caminho.
Quem acredita nos seus sonhos nunca está sozinho.
Botão de rosa, o caminho é o amor.
Se você busca ao amor nunca vai se perder.
De vista o amor não vai te perder.
Quem te feriu não sabia amar.
Quem rejeitou o seu carinho não sabia amar. Mas o mundo também é grande como a sua fé, por isso você ainda está de pé.
Siga sempre sorrindo, botão de rosa, siga sempre sorrindo...
Marisol Luz (Mary)
Enviado por Marisol Luz (Mary) em 10/06/2016
Reeditado em 01/05/2018
Código do texto: T5663017
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