Manifesto ao amor.

Pela vida secreta dos garotos de olhos fixos virados inconsoláveis para baixo,

pelo temor púbere dos jovens viciados em exposição fácil e gratuita das redes sociais,

pelas pessoas bondosas e cívicas que civicamente atacam com ódio,

pelos moribundos nunca mortos, e por isso escondidos atrás das pontes, nas esquinas, bêbados e trêmulos e loucos da caridade pessoal,

pelos que morrem de amor, e morrem e choram e sobrevivem, e gastam no pente lágrimas ácidas de ácidos não batidos,

por mulheres lindas e negras, e lindas todas as mulheres que choram e sofrem e são oprimidas,

pelos homens que não sofrem, não choram e por isso são impedidos de sentir, embora sejam apegados às suas barbas,

pelos poetas apaixonados, e por serem poetas apaixonados, dão mais do que recebem, e recebem menos do que sentem,

pelo amor que pareça pouco, porque sempre é pouco o amor que percebemos, mas que seja maior que os prédios metropolitanos cheios de falsa segurança e seguranças com olhos atentos a nada,

pela verdade dos beijos, dos teus beijos, dos nossos beijos ou dos beijos de nossos vizinhos transando ao anoitecer,

pelos sentimentos que guardamos, e que guardados perdem valor,

pela escassez dos índios escassos em nosso solo,

pela vida dos meus, dos homens, mulheres, perdidas à facadas e tiros e bombas por ignorância utópica de um mundo inexistente,

pelos diferentes iguais à quase tudo, menos ao que sente, e sentem os diferentes,

pela vida vivida sem temor (temer),

pelo afeto que compartilho com você.

Vini Miranda
Enviado por Vini Miranda em 05/08/2016
Código do texto: T5719940
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