Réquiem. Ou eflúvios de poeta

De repente, à galope, salta o "u" do papel e vem rasgar-me a garganta. Gargalham vogais pontiagudas da minha angústia agora sem palavras. Agonizo em sangue insosso, sem idioma; enquanto letras gozam gotas insípidas em minha boca.

Voa em pausa e pousa no papel uma violeta, borboleta em tom de "v".

(Vertigem!)

Vira gaivota e voa novamente.

Foge ao tato vago um verso.

Urgem as vogais vociferando em vozes úmidas: "velório..."

Um cálice de volúpia e foram decepados meus dedos. Um tácito minuto último e no véu me é envolto o corpo.

luana vignon
Enviado por luana vignon em 06/10/2005
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