Roguei ser

Não suporto mais escutar um qualquer falar de suas fúteis inquietações, como é renegado ou excluído, como é incompreendido e reprimido. Canso eu de ouvir quaisquer que sejam essas reclamações poucas e inúteis. Passo a transcender entre as súplicas dos mais marginais e as revoltas gritadas dos menos afortunados.

É então entre todas as vias que nos correm que me acho enfim, pertencente ao grupo ignóbil dos seres: eu agora, reclamo da vida. Sou um sofredor em potencial que atingiu o seu auge do ridículo, passei a contestar como as pessoas a minha volta me tratam e até mesmo como elas agem entre si e por si próprias.

O que segue então, é algo assim volátil. Não é mais comum ao toque eu ser a vítima. Nunca precisei de ajuda ou se quer hesitei em reivindicar uma interpretação errônea em relação a mim. Mas hoje cabe, hoje eu visto um burlesco ato de viver em constante incerteza.

Percorrer entre as relvas mais murchas, ou por colinas espelhadas é hoje um mero ato transitório. Por mais que eu seja por fim, algo leviano, eu deixei de ser um palhaço qualquer para ser mais um bobo frívolo e mundano. Posso urrar as minhas dúvidas e não mais serei reprimido por não precisar de análise ou ajuda. Sou hoje, um borrão qualquer em meio a uma multidão apressada e sem escrúpulos. Vivo livre em uma sociedade bruta e uniforme.

Stephanie Correia
Enviado por Stephanie Correia em 22/07/2007
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