Sua face

Ao sobrevir à noite não alcançava notar sua face...

Mas, quando o sol ao alumiar do dia ampliava as linhas de seu rosto, notei que traz traços de seus tataravôs na lida dos trabalhos pesados nas colheitas de café e no corte da cana.

É uma face que os anjos não têm, a parcialidade, é totalmente escuro, o qual domina uma sub cútis de mulher negra, cabelo carapinha e pele carvão.

Rosto corado a honra, com a tinta café, cujo cenário as madeixas contracenam com as cozinhas das casas de engenho.

Se olhar mais nitidamente, pode-se sentir o calor dos fornos das cozes dos senhores de escravos.

E ao sol ardente a transpiração e a gana de desafiar as parábolas no lutar pela existência.

Algumas são de sucessão das negras das amas de leite a qual ofertava seu sangue.

Nenhuma marca de chicote na pele, mas o sangue coalhado marca a essência das raízes.

Deverá haver justiça para ti mulher negra, festas e anjos enfileirados haverão de bater palmas para ti... Porque quem no fogo andou, e a nuvens enxugou para dar luz a filhos de outros como se fossem seus.